07 ago Queloide na tatuagem: saiba por que acontece e o que fazer – parte 1
Primeiramente: o processo de cicatrização
Antes de tudo, vamos explicar como acontece o processo de cicatrização no corpo humano.
Quando algum tecido é lesado, seja por cortes acidentais, por motivos cirúrgicos ou estéticos, como é o caso das tatuagens e dos piercings, o corpo inicia uma reação natural de reparação nesses tecidos. O processo de cicatrização ocorre graças a uma série de reações complexas nos tecidos.
- As plaquetas se aglomeram e se aderem no tecido ao redor do ferimento, criando um coágulo de sangue e fechando os vasos sanguíneos que foram rompidos pela lesão.
- A inflamação decorrente do processo de coagulação do sangue na região forma uma barreira contra infecções, realizando a limpeza na parte lesionada e destruindo os agentes infecciosos.
- Com o passar dos dias, o corpo começa a substituir tecidos danificados, reparando os vasos sanguíneos lesados e cicatrizando a área do ferimento.
- Ao final do processo de cicatrização, o tecido lesado foi totalmente substituído e fortificado. Durante o processo, as células tentam se reagrupar de forma a retornarem a seus formatos originais.
- Quando esse processo acontece com o máximo de fidelidade, as lesões apresentam pequenas marcas. Quando o processo acontece da forma indevida, surgem as cicatrizes, sejam elas as cicatrizes hipertróficas ou as temidas queloides.
Agora que entendemos o processo de cicatrização realizado pelo corpo humano, vamos entender melhor o que acontece quando a cicatrização não ocorre da forma que deveria.
A cicatriz hipertrófica
As cicatrizes hipertróficas são alterações fibropatogênicas que ocorrem durante o processo de cicatrização das lesões. Essas alterações se devem à proliferação de fibroblastos na pele e ao acúmulo excessivo de colágeno ocasionado por ferimentos.
Muitas vezes são confundidas com queloides, das quais vamos falar a seguir, mas, diferente destas, as cicatrizes hipertróficas não ultrapassam a direção da ferida inicial, ficando limitada somente à área do trauma. Esse tipo de cicatriz tem tendência à regressão, ou seja, ela diminuirá, e a inflamação, por mais que cause dor e coceira, será extinguida.
A cicatriz hipertrófica surge, normalmente, a partir de seis a oito semanas, mas, em alguns casos, pode se desenvolver logo após a lesão do tecido. Agentes externos podem contribuir para que o processo de cicatrização não ocorra da forma que deveria e ocasione o surgimento das cicatrizes hipertróficas. Incisões mal realizadas, tensão, traumas como ferimentos e queimaduras, inflamações, intervenções cirúrgicas e estéticas que danificam o tecido podem facilmente culminar nesse tipo de cicatriz.
Elas também podem se desenvolver a partir de lesões preexistentes como acne, marcas de vacinação, tatuagens, brincos e piercings.
Tratamento para cicatriz hipertrófica
O tratamento dessas cicatrizes pode ocorrer durante o processo de cicatrização, por meio do uso de compressas de silicone ou pomadas cicatrizantes, ou após o processo infamatório, com pomadas de silicone, cremes e géis redutores, injeções localizadas de corticoides, crioterapia para neutralizar o tecido danificado, massagens, laserterapia ou cirurgias corretivas.
Esses tratamentos costumam ser muito eficazes para o tratamento da cicatriz hipertrófica. Embora os tratamentos que não envolvem intervenções médicas, como as massagens e os géis, sejam demorados, o resultado é garantido.
A queloide na tatuagem
Diferente das cicatrizes hipertróficas, que podem surgir em qualquer pessoa, as queloides são ocasionadas também por fatores genéticos. Ou seja, as pessoas com predisposição genética tem maior chance de serem afetadas por esse tipo de má cicatrização.
As queloides ultrapassam a direção da ferida inicial, podendo crescer indefinidamente até se tornarem, em casos extremos, grandes como uma laranja. Elas se formam da mesma maneira que as cicatrizes hipertróficas, a partir de um processo inflamatório do próprio corpo, ocasionado por agentes externos ou em lesões anteriores, como piercings, acne e tatuagens.
As áreas mais propensas a queloides são ombros, costas e mamas, por serem áreas de maior espessura, mas também são bastante comuns nas orelhas, devido à perfuração de brincos e piercings.
Elas não possuem tendência a regressão e só podem ser retiradas por meio de tratamentos médicos, mas que não impedem o retorno da queloide posteriormente. Entretanto, existem cuidados que podem evitar o surgimento dessas cicatrizes. Continue a leitura e confira!
Tratamento para queloide
O tratamento das queloides é o mesmo utilizado nas cicatrizes hipertróficas, porém, não garantem que as queloides retornem após o tratamento. Outras intervenções mais agressivas, como radioterapia, também chamada de betaterapia, ou o uso do fluoracil, uma troca quimioterápica, podem trazer resultados para a redução da queloide, principalmente quando usados em conjunto com pomadas de silicone e laserterapia.
Antes de aplicar piercings, brincos ou fazer uma tatuagem, converse com o seu médico e descubra se você tem tendência a esse tipo de má formação. Além disso, é importante ter a certeza da escolha de um bom profissional, de um bom estúdio e da procedência dos materiais usados na tatuagem, assim, as chances da formação de queloide na tatuagem ou de cicatrizes hipertrófica são reduzidas consideravelmente.
Os cuidados após a tatuagem também são fundamentais para que a cicatrização ocorra da melhor maneira possível, garantindo que o seu desenho continue lindo e sua pele se regenere da maneira que deve.
Escute as recomendações de seu tatuador. Nunca coce a tatuagem, não use produtos que não sejam próprios para a cicatrização de tatuagens, nunca deixe a área suja, faça a higiene adequada da área tatuada limpando com sabão e água corrente, não fique muito tempo no banho e nem use água quente.
Por fim, evitando o sol e usando bastante protetor solar, sua tatuagem estará perfeitamente cicatrizada.
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